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25-junho-2021

Podcast "Pontos por Soldar" | Carlos Martins, Chairman da Martifer

Podcast, Indústria Metalomecânica

No 3º episódio do "Pontos por Soldar" falámos com o Eng. Carlos Martins, Chairman da Martifer, sobre sobre empreendedorismo, desafios e resiliência.

Pode ouvir o episódio na íntegra no Spotify, iTunes, Soundcloud ou Deezer e ainda em vídeo no nossa canal de Youtube. Em baixo, pode ler-se alguns pontos altos desta conversa.

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André Ferreira (AF): Se calhar começávamos este episódio onde o Sr. João Carlos nos deixou. Segundo ele, ele diz que existe falta de união na Indústria Metalomecanica e é isso que está a afetar a industria como um todo. Ele acredita que hoje em dia falta um mentor para replicar aquilo que foi feito por si e pelo seu irmão há cerca de 15 anos. Qual é a sua opinião sobre isto?

Carlos Martins (CM): (...) Eu julgo que efetivamente em Portugal, não existe hoje uma força de união entre empresários. Não me refiro só à metalomecânica mas em termos gerais. Eu julgo que as confederações ou as associações empresariais não defendem hoje, de uma forma capaz, aquilo que são, aquilo que deviam defender, a indústria. Está-se a perder uma força muito grande, basta ver que Portugal não tem um Ministro da Indústria, nem um Secretário de Estado para a Indústria (...) Dentro do setor da construção foi criado, um bocado por nossa inspiração, a Associação Metálica e Mista em que, através de dois ou três implulsionadores, conseguimos reunir à mesa todo o setor, não só aquilo que é ao nível da construção metálica em si, mas universidades, fornecedores de equipamentos, fornecedores de pintura, tudo o que anda à volta disso. (...) a Associação nasceu para, acima de tudo, criar mercado, perceber como podíamos exportar ou internacionalizar dentro do setor da construção metálica (...) as políticas hoje pretencionistas fazem com que o mundo esteja menos global e isso faz com para as empresas da metalomecânica, que são na sua maioria empresas muito pequenas, a única possibilidade que têm para o desafio que aí vem, é a união porque o esforço de internacionalização é gigante e se for feito em parceria pode ser muito mais barato (...) acho que há muito trabalho a fazer e efetivamente, precisamos de uma liderança mais forte e alguém, que de uma forma desinteressada, se organize (...) as empresas têm alguma dificuldade e acham que, quando abrem as suas portas, estão a expor-se, estão a mostrar aquilo que acham que é uma coisa muito delas (...) A ideia de que nós somos convidados a esconder o que quer que seja, é tudo um engano. Quando temos do nosso lado alguma coisa boa, temos de a mostrar. Hoje em dia, a empresa não pode só viver para o dia de hoje, ou seja, aquilo que eu estou a mostrar hoje, foi aquilo que eu comecei a pensar há 3 ou 4 anos. Porque eu já estou a pensar no que vou fazer daqui a 4 ou 5 anos. Portanto eu não tenho nenhuma dificuldade em mostrar aquilo que tenho, antes pelo contrário, é da critica que fazem ao que eu estou a fazer, que eu posso melhorar e ser melhor. 

(...)

AF: O engenheiro Carlos Martins foi empresário e empreendedor. Quais foram os seus principais desafios nesta sua carreira de 30 anos, penso que começou com 26, não deve estar muito longe. Quais foram os principais desafios que teve nestes anos?

CM: Tive muitos desafios. Aprendi muito ao longo destes 32 anos (...) A MARTIFER nasceu do zero, com capital social de 22 500€ e rapidamente atingiu um patamar de liderança (...) Entretanto em 2007, também muito pressionado pelo mercado e pela vontade de crescer, fomos à bolsa, bolsa de valores em Lisboa, e depois a partir daí começamos a ter algumas dificuldades porque em 2008 dá-se uma crise (...) a crise apanhou-nos com uma dívida muito grande e tivemos de fazer o percurso inverso (...) Praticamente fomos ao chão, em 2011/2012 passamos por momentos muito complicados, até que em 2014, os acionistas resolveram fazer um aumento de capital na MARTIFER, apostar na empresa, e a partir daí criar a dimensão correta, com uma gestão mais profissionalizada, que pudessemos estar preparados para outras dificuldades que surgiam (...) Em 2014, estavamos a passar por dificuldades mesmo tremendas e eu, perguntava-me a mim próprio, se nós iamos conseguir vencer aquela crise. Efetivamente, podia ter sido mais fácil deixar cair e começar qualquer coisa ao lado mas não (...) fomos ao chão, levantamo-nos do chão com uma carga às costas gigante, nessa altura tínhamos uma dívida próxima dos 400 milhões de euros, não tinhamos quem nos financiasse e portanto tinhamos uma gestão de tesouraria muito apertada no dia a dia mas conseguimos hoje chegar aqui (...) Criamos um modelo de governo muito forte, muito preocupado, não no crescimento mas naquilo que é sustentabilidade, na dimensão correta da empresa (...) nada melhor do que ter memória, lembrar a história para saber o que nós passamos e que não queremos voltar a passar por momentos tão complicados como aqueles que passamos.

(...)
 

AF: Na sua nova condição de Chairman penso que os seus desafios sejam outros, você esteve ligado muito tempo a funções executivas ao dia a dia da empresa, agora já nem tanto. Quais são os seus desafios futuros ou de agora? Como é que vê esta transição?

CM: Eu posso-lhe dizer que sou Chairman da MARTIFER, no modelo de governo que foi criado e tenho uma reunião de conselho de administração mensal. Depois eu tenho uma reunião, à segunda feira, com o CEO, onde ele me conta basicamente aquilo que acha que me tem de contar e onde eu lhe dou conta daquilo que eu acho que deviamos fazer diferente. Mas acima de tudo, uma conversa muito informal, ele dá-me conta das dificuldades que tem e acima de tudo estou ali numa perspetiva de, a nossa agenda, a nossa relação entre Chairman e CEO, assenta no quê que eu fiquei de fazer e já fiz ou não fiz, quais são as novidades desta semana e em quê que precisas da minha ajuda para futuro.(...) Mas estou a fazer uma série de outros projetos, alguns já estão a faturar, outros vão ver a luz do dia mais dia menos dia, mas posso-lhe dizer por exemplo que continuo muito interessado na energia. Estou a acompanhar muito de perto, o processo do hidrogénio, dentro da MARTIFER. Fui eu que iniciei esse processo e cada vez que se inicia um processo, eu acompanho de perto. Estive ligado até Setembro, com aquele concurso do hidrogénio em Portugal. Tenho apoiado a MARTIFER na parte fotovoltaica, naquilo que estamos a fazer nesta fase.(...) . Em paralelo, muito focado hoje a pensar nesta questão da economia circular, porque eu acho que hoje aquilo que há pouco tempo era lixo e ia para o aterro sanitário, num curto espaço de tempo, isso que ia para aterro sanitário e que chamavamos lixo, vai chamar-se matéria prima e vai ser incorporada nos processos produtivos. Eu ando a olhar para isso com alguma atenção porque acho que esse setor, além de ser sustentável e amigo do ambiente, vai criar muita riqueza. A pressão hoje no mundo por coisas novas, faz com que a pressão sobre as matérias primas seja gigante. Portanto, a única possibilidade que há é efetivamente reciclar.

(...)

AF: Nós gostamos de encerrar o pontos por soldar com perguntas para o futuro ou seja, você já me falou um bocadinho sobre os seus desejos para o futuro, mas voltando ao inicio da nossa conversa como é que vê a insdústria, o setor metalomecânico e das estruturas metálicas em especifico nos próximos 10 ou 15 anos.

CM: Eu vejo que a indústria tem efetivamente um grande potencial, apesar de há quem diga que a China é a fábrica do mundo. É, em parte. Mas eu acho que há efetivamente depois outras oportunidades (...) a indústria será sempre o grande motor daquilo que é a atividade económica, quer queiramos, quer não (...) o futuro de cada empresário deve ser encontrar o seu nicho de mercado e dentro do nicho de mercado, encontrar a dimensão certa. 

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O "Pontos Por Soldar" é um podcast produzido pela Motofil com o objetivo de abordar diferentes assuntos sobre a Indústria Portugues, nomeadamente a Indústria Metalomecânica.
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